Promessas cumpridas

Há uns tempos atrás um moço jeitoso que andava a “arrastar” a asa pra mim fez-me umas promessas que na altura me pareceram irrecusáveis.

Assim resolvi casar com ele. Nunca fomos muito de coisas convencionais mas sim de inspirações do coração .

Assim, decidimos e como costumo dizer, casar “às pressas” ( para coincidir com a breve estadia do meu irmão em Portugal), a uma 2ª feira, faz hoje 25 anos.

Subi as escadas do Tribunal de Faro (onde fica o registo da Conservatória) acompanhada dos meus Pais e com a minha sobrinha de pequenita ao colo.

Sem marcha nupcial, talvez uns assobios duns trolhas ali da zona…

Estava um dia bonito e cheio de sol apesar de terem caído umas “pinguinhas” lá para o fim do dia ( para abençoar o casamento!!).

Estava marcado para as 3horas, mas como nos atrasámos porque eu tive que voltar a casa porque me tinha esquecido do B.I. “passou-nos” um casamento à frente e só chegou a nossa vez por volta das 5 da tarde. Por isso, convivas e noivos entretiveram-se na conversa e na galhofa, encostados às paredes ou sentados nas escadas do tribunal enxovalhando as suas lindas fatiotas mesmo antes da cerimonia ter inicio!

O Noivo estava lindo, elegante com a sua gravatinha azul e casaquinho de xadrez!

A Noiva – Eu - levava um vestido que tal como com o namorado tinha sido amor à 1ª vista!

Uns anos atrás, quando nem sequer em juntar trapinhos nos passava pla cabeça, passeava pela baixa de Lisboa e me apaixonei por um loja em que todos os vestidos me pareciam de desenhados para mim e pensei com meus botões “ quando me casar é um destes que vou levar!” E foi!

Não houve Quinta ou Solar marcado, escolha da cor dos guardanapos a condizer com a cor dos laços das cadeiras ou entrega de lembranças aos convidados ou fotógrafo contratado!

Os convidados foram poucos, mas bons!

Entrelaçaram -se os amigos de Faro com os de Coimbra. Estudantes ainda, ou recém- trabalhadores, “tesos” como nós na altura, mas que não dispensaram a sua presença num momento que sabiam para nós ser importante!

Não houve “tios do Brasil” nem convidados de conveniência com cheques chorudos para ajudar a rechear a casa. Não houve lista de casamento e muito menos pedidos mais ou menos velados, para co-financiamento de lua de mel em Punta Cana…assim com nem propriamente lua de mel! No sábado seguinte estava a trabalhar depois de uns dias passados em ”arraial” animado com os amigos que nos tinham acompanhado para o Algarve.

Os padrinhos foram escolhidos pelo que traziam no coração e não por aquilo que tinham nos bolsos!

E desta maneira simples e tranquila dissemos que Sim, entre piadas e gargalhadas espontâneas dos presentes. Sim, queríamos estar juntos para o resto da vida!

Mesmo à nossa maneira! Não podia ter sido melhor!

Mas calma que a história ainda não acabou! Falta-me falar da dita promessa!

Sim, porque uma promessa é para cumprir! E eu acho que foi mais cumprida do que eu alguma vez imaginei!

O dito moço jeitoso, agora já meu maridinho, prometeu-me mundos e fundos, “tasse” mesmo a ver! Selou esta promessa num desenho onde me convenceu que iríamos viver forever felizes, nós mais os/as nossos/as 5 filhotes/as, numa quinta, com patos, galinhas e cães! E não é que acertou!

Vejamos: vivo na Quinta das Flores, com as janelas viradas para um parque enorme com relva, arbustos, árvores,( raio das árvores estão tão grandes que me tiram a visibilidade toda!) donde posso observar a todo o momento gente a caminhar e cãezinhos a passear as suas donas;

patos e galinhas tenho montes delas na “famville” e nem dão muito trabalho a cuidar;

cão???! Pois ! Tenho um hamster chamado snoopy ( nome de cão estão a ver!) que se estiver irritado também tenta dar umas trincadinhas e às vezes cheira que nem cãozinho. Ladrar é que não ladra, mas… não se pode ter tudo não é!?

Temos 2 filhotas (foi o que se pôde arranjar!) mas que nos enchem a casa e o coração de sorrisos e alegria como se fossem 5 ou 10…

O “forever” felizes, “so far, so good”, sendo certo que a felicidade não é mesma coisa que alegria.

A vida mexe, rebola, dá cambalhotas e pinotes e reviravoltas!

Também depende de nós, sermos fortes e flexíveis para acompanhar o movimento!