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Ontem, 5 de Outubro recebi a notícia que o Zé Grade faleceu.
Padecia de doença oncológica grave que o arrastou na espiral de uma luta, cuja sobrevivência se contava pelos dias. Ontem baixou os braços e desistiu.
Como podem calcular a minha disposição não é a melhor.
Quando vemos pessoas, próximas na idade e no contacto desaparecer, leva nos a pensar e a colocar algumas questões fundamentais.
O que Hoje existe, num instante pode desaparecer. Isso é angustiante.

O José Grade Costeira era motorista da instituição onde trabalho. Conheço-o à 25 anos. Passamos por bons momentos e alguns outros mais difíceis. Era pessoa com uma certeza e segurança muito grande, mesmo que isso representasse reduzir o universo à dimensão da sua pessoa. Como qualquer motorista que se preze, possuía vocabulário próprio, religião única e opinião certa. Mas era boa pessoa, sempre prestável, abdicando de horas e dias em prol de um serviço em que acreditava. Deu fins de semana durante anos, para levar os atletas da instituição às provas desportivas em qualquer ponto do país. Na segunda feira, à mesma hora, lá estava ele a cumprir o seu horário. Levava-nos por estradas e caminhos, mas sempre chegámos ao destino às horas certas.
Não o conheci na sua faceta de pai e marido, mas a sua teimosia e simplicidade faziam dele um funcionário com o qual eu sabia que podia contar.
Agora partiu. Resta-nos manter a sua presença no nosso coração.

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