Memórias (I)

Bom Dia
Nasci.
Sim nasci num quente domingo de Fevereiro. 
Fevereiro? Quente? 
Exacto. Já nessa altura se faziam sentir as alterações climáticas.
Estou a gozar. 
Refiro-me às alterações, não facto de ter nascido a um domingo, em Fevereiro e estar um dia e tanto. 
Meu pai, foi beber um fino, num café, a Império que existia por ali numa esquina perto, com um amigo que por ali transitava e que não se terá feito rogado ao convite. 
Esta é história oficial. A verdadeira não sei e para dizer em abono de verdade, também não tenho grande vontade de querer esmiuçar esses momentos, que em meu entender devem ficar no domínio da fantasia.
Ora esta importante reflexão permite-me fazer alguns considerandos. Em primeiro lugar, o nascimento era uma coisa, recatada, ao qual nem os pais podiam assistir. Apenas as senhoras, as parturientes, podiam agonizar até aquele ponto em que a enchiam de drogas e elas nem davam que tinham as crianças. 
Em segundo, numa terra onde ao domingo a pasmaceira se fazia sentir em força, a cervejaria Império, era dona da esquina, se bem que de esquina, só a grande esquina do inicio da Fernão de Magalhães, ali no seu encontro com a Adelino Veiga, local de de uma imensa travessia de peões de uma das ruas mais movimentadas da cidade, possuia também, o Café Pastelaria e Cervejaria Império. Este lugar, património pessoal, pois além de lá ter derramado um copo de leite, era um local muito característico do meu passado, com recordações do impossível que só o passado permite, por exemplo, as pessoas pediam meia dúzia de bolos para a mesa, e só comiam aqueles que queriam, os restantes iam de volta, e segundo, ainda me lembro do comentário do meu pai sobre as questões das gorgetas, que faziam o complemento do salário dos empregados de mesa. Estas invulgaridades, aos olhos de hoje, foram suprimidas, ainda era eu cachopo, pelo (Salazar ?) Marcelo Caetano. A dita cervejaria, pastelaria e café, frequentado por toda a gente da cidade, futrica ou estudante, resistiu ainda muito tempo e foi já muito depois do 25 de Abril, lá para os anos 80 que sofreu modificações que arrumaram de vez com as minhas recordações desse local.
Aliás, locais de chop chop, desaparecidos, falarei um dia, de um resistente até aos anos quase 90, local onde conheci o meu futuro cunhado, falo do Combinado, onde se fazia cozinha rápida a preços acessiveis no tempo em que o fast food ainda não existia na cabeça dos portugueses.

Do nascimento, passei-me para a restauração. Enfim, coisas da memória, pois que apesar de não estar ainda muito xé-ché, pouco me lembro desse importante período da minha vida.  Suponho eu, à luz do que sei hoje, que deve ter sido, comer, “cagar” e voltar a comer.

Tarde falei, mas para dizer a verdade não noto muito, hoje em dia, esse atraso, salvo uma gagez esporádica quando estou ao pé de certas mulheres … pois … em casa estou sempre calado, são logo 3 (sim três) e são muito especiais, pelo que a melhor estratégia é o silêncio. 

Retomando ao tempo das fraldas de pano e cueiros de plástico (?).

(continua muito brevemente)

(texto que um dia pode ser o " isquileto"  dumas memórias bem parvas eheheh que é aquilo que o pessoal precisa de ler para se reler na vida, porque, geralmente quem escreve memórias são os gajos que tiveram montes de sucesso e têm montes de dinheiro para lhes pagar a um "escritor fantasma" que lhes escreve umas memórias que na maior parte das vezes nem são deles. Pois aqui é tudo mesmo da cepa do Je, disso podem ter a certeza).

Comentários

  1. Já nessa altura estavas de boca aberta à espera de uma guloseima , não era meu maroto??

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